Blog


Notas, ideias e apontamentos

Artigo científico

Perdão e Satisfação Conjugal: Uma Revisão Sistemática

Ana Teixeira e Cidália Duarte

Resumo


O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o perdão, quando estudado, com a satisfação conjugal, possibilitando uma melhor integração empírica da investigação sobre os dois construtos. Apesar da interdisciplinaridade emergente, a investigação face a esses dois construtos têm permanecido inconsistente, existindo várias dúvidas quanto à relação entre ambos. Foi realizada uma pesquisa em diferentes bases de dados internacionais (Academic Search Complete, PsycArticles, PsycInfo, PsycCritiques, Psychology and Behavioral Sciences Collection), consultadas até 1990, retrospectivamente, permitindo uma identificação inicial de 516 estudos. (...)

Ler o artigo completo

4/6/2020
Ana Teixeira

O Terapeuta de Casal

O Terapeuta de Casal é em primeiro lugar um elemento privilegiado, pois irá entrar num mundo tão íntimo e singular que é a vida do casal. Aprecio a ideia de que o Terapeuta de Casal é uma bússola ou professor, onde a sua função é de apoiar e orientar o casal a refletir nas dificuldades que emergem, a tomarem consciência da responsabilidade que cada um possui na manutenção dessas dificuldades, aumentarem os seus níveis de aceitação e, assim, tornarem-se mais flexíveis na resolução e procura de soluções. É por isso, um aliado do casal, e não de cada membro em particular. O Terapeuta de Casal não toma partidos, não tem a função de julgar. A sua postura é de neutralidade. Com base numa formação teórica sólida, desenvolve uma análise e pensamento designado de circular, onde cada um dos membros do casal terá a sua oportunidade para falar e escutar. Naturalmente, pela existência de dois elementos com identidades distintas vão surgir perspetivas também elas distintas, e por vezes em conflito entre o casal, mas ambas serão totalmente reconhecidas e compreendidas pelo Terapeuta. Fornecerá ainda ao casal um espaço confidencial e seguro, para que abordem as dificuldades sentidas e estabeleçam o compromisso mútuo de mudança. Independentemente do resultado final da terapia ou do destino da relação conjugal, o terapeuta deposita esperança no casal – mesmo em crise, se procuraram terapia não poderá significar que ainda existe algo que vale a pena lutar na relação? Deste modo, o compromisso do Terapeuta de Casal não está exclusivamente centrado com a manutenção ou rotura da relação do casal, mas sim com o bem-estar emocional de cada um dos membros, da díade e da família.  

09/10/2019
Bernadette Matos-Lima

Assim. Simples! 

Gosto. Gosto de gostar. Gosto de estar. Gosto de ser. Gosto de ter. Gosto de sentir. Gosto de querer, de sonhar, de ser feliz, de perdoar, de amar. Gosto de saber que não existem dias perfeitos e há dias dos quais não gosto. Dias que quero esquecer, que quero apagar. Dias em que apetece desaparecer. 

Gosto de viver. De ter uma vida igual a tantas outras com dias melhores e com dias piores. Com pessoas que serão sempre presentes e outras que se perdem sem nunca terem realmente entrado na minha vida. Gosto de coisas simples e nelas descobrir as suas riquezas. Gosto de saber o que sou. Gosto de saber o que quero e para onde quero ir. Gosto de saber que ainda tenho muito para aprender. Que cada dia é uma descoberta e que há dias em que tudo é uma treta. Gosto de saber que não sei nada e de saber que hoje sei mais que ontem. 

Gosto do meu passado. Gosto de não precisar de lembrar. Gosto de sentir saudade. Gosto de ter esquecido. Gosto de quem gosta de mim. Não me incomoda saber que há quem não gosta. 

Gosto. Gosto porque nem sempre fui assim. Gosto porque cresci. Gosto porque aprendi. Partilho porque gosto que também gostes das mesmas coisas que eu gosto. Assim. Simples.
05/09/2019
Bernadette Matos-Lima
Psicoterapia para quê?
Procurar um psicólogo é uma decisão difícil para a maior parte das pessoas. Para uns porque parece estranho procurar alguém para falar, para outros porque acreditam que o que quer que esteja a preocupar há-de passar e para outros porque procurar ajuda representa fraqueza. Quando algo nos perturba, tentamos resolver. Arranjamos uma série de estratégias para fugir e tornamo-nos dependentes da bebida, do tabaco, do trabalho, de uma relação. Recorremos aos familiares e aos amigos e outras vezes confrontamo-nos com o facto de estarmos demasiado sozinhos e isso passa a significar outro problema. É a tristeza que nos envolve, o medo, a confusão, a ansiedade, o querer sair daquela situação, a expetativa de que tudo se vai resolver magicamente. Por vezes (umas quantas) os nossos processos mentais são também afetados: perdemos concentração, distraímo-nos com mais facilidade, não conseguimos pensar, deixamos de conseguir controlar os nossos impulsos, não nos reconhecemos numa data de comportamentos. E assim chegamos a um impasse: precisamos de ajuda mas não sabemos como fazer. Ora este é o primeiro passo, talvez o mais importante e seguramente o que denota mais coragem: assumir a nossa condição de ser humano!
Sozinho não conseguimos e a nossa rede de suporte habitual raramente é suficiente. Não que a família e os amigos não sejam suficientemente bons mas porque estão demasiado envolvidos e aqui reside a base da psicoterapia: o distanciamento. Todos nós já experienciamos que afastarmo-nos facilita a nossa capacidade de observação e permite uma análise mais apurada. A intervenção psicoterapêutica envolve precisamente um trabalho neste sentido. Mas antes de nos distanciarmos, é imprescindível que saibamos com o que estamos a lidar, mais precisamente com quem e isso passa pelo autoconhecimento. Habituamo-nos a olhar para nós como tendo qualidades e defeitos. A prática clínica tem-me dado a certeza de que apenas possuímos caraterísticas. Transformá-las em qualidades ou defeitos é uma decisão pessoal que envolve trabalho mas também escolhas e prioridades. O processo de mudança passa a ser simultaneamente um objetivo, um motivo, uma necessidade mas também o resultado. Note que o termo é "processo" de mudança e aqui reside outra caraterística da psicoterapia: não se pretende apenas provocar mudanças relativamente a esta ou aquela situação. Pretende-se sim consciencializar o indivíduo de que não existem vidas perfeitas nem pessoas perfeitas. Existem sim pessoas imperfeitas capazes de lidar quase perfeitamente com as adversidades da vida. E isso é aprender a viver, sabendo que há coisas em nós que gostamos mais e outras das que gostamos menos, algumas de que nos orgulhamos, outras que preferimos esconder. Trata-se de nos aceitarmos a nós próprios tal e qual somos, conscientes de que somos o resultado das nossas escolhas quaisquer que tenham sido as circunstâncias que a vida escolheu para nós.

09/08/2019
Bernadette Matos-Lima

Vive devagarinho. Sem pressas. Não fiques à espera do dia seguinte, do próximo fim de semana, da próxima festa, do próximo aniversário. Não desejes que o dia termine e que venha outro amanhã. Não queiras chegar rápido a casa, ao trabalho, ao ginásio, ao café para estar com os teus amigos. Não abomines as filas de trânsito, as filas para o autocarro ou para o metro. Não fiques à espera que o sinal fique verde e não olhes cinquenta vezes para o relógio. Organiza-te. Planeia. Previne. Mas não corras. De que tens tanta pressa? Para quê tanta pressa? O lugar para onde vais será sempre o mesmo. Poderás chegar mais tarde mas isso depende apenas de ti, da tua capacidade de gerir o teu tempo. Podes chegar e desfrutar ou chegar tão cansado que apenas chegas e fazes de forma mecânica. Sem desfrutar.Pára um pouco! Faz-te falta. Vê. Ouve. Toca. Sente. Saboreia. Queremos tanto que o tempo passe, que os filhos cresçam, que a casa fique pronta, que venham as férias, que aconteça isto ou aquilo e esquecemo-nos de ver o tempo a passar, os filhos a crescer, a casa a ganhar vida, o trabalho que fazemos a marcar a diferença. Esquecemo-nos do óbvio: o tempo também leva algo nosso e que gostaríamos de manter. Um dia virá a saudade ou o arrependimento por não ter aproveitado, por não ter dito, por não ter feito, por não ter estado. A escolha é nossa e tomamos essa decisão em cada momento. Quando acordamos e entramos em piloto automático para cumprir as nossas obrigações ou quando acordamos, respiramos, agradecemos e iniciamos as nossas rotinas como algo que nos realiza, completa e cumpre o objetivo de nos tornar vivos e felizes. Nem tudo é positivo, é certo! Há dias que preferimos esquecer e, curiosamente, são esses que vivemos mais devagarinho e intensamente. E se esses dias se repetem, é porque algo tem de mudar mas essa será uma decisão individual e a iniciativa será apenas do próprio. Podemos pedir ajuda e não temos de estar sozinhos mas temos de querer e assumir essa responsabilidade. Só assim marcamos a diferença e vivemos com a certeza de que devagarinho é bem melhor!
14/09/2018

Carta Aberta no Primeiro Dia de Aulas

Bernadette Matos-Lima
Começas hoje um novo ano escolar. Não importa se é a primeira vez de sempre ou se é a primeira vez de muitas. Quero apenas lembrar-te o que sempre te lembrei e sempre te vou lembrar: Sê feliz!
Não peço que sejas o melhor aluno, que tenhas as melhores notas, que sejas um exemplo para os teus colegas. Não te peço que tenhas um comportamento irrepreensível, que comas a comida toda, que te antecipes aos pedidos dos teus professores, que cumpras todas as regras, que faças muitos amigos.
E não peço apenas porque sei que o farás. Sei o que em casa te ensinamos com o nosso exemplo e com as conversas que temos contigo e com os teus irmãos. Sei que és capaz de pensar por ti e sabes fazer as tuas próprias escolhas. Sei que nem sempre sabes a resposta certa e nem sempre fazes o que deves fazer, mas sei que sabes lidar com as consequências. Sei que és capaz de pensar em ti e para além de ti. Sabes que não estás sozinho e que a escola é um mundo onde diariamente encontras desafios, obstáculos, motivações, vitórias, desilusões, inseguranças. E sabes que no final do dia eu estarei lá para te abraçar. Seja um abraço de orgulho pelas tuas conquistas, seja um abraço de consolação pelo quão difícil foi o dia.
Sabes que podes contar-me o que quiseres, podes remeter-te ao silêncio ou dizer “dá-me o teu colo mamã". Eu vou lá estar para te apoiar, felicitar ou repreender. 
Apenas sê feliz. Se o fores, sei que terás boas notas. Não têm que ser excelentes, apenas o melhor que conseguires. Se fores feliz, terás um bom comportamento. Pode não ser irrepreensível, afinal és uma criança e não tens que ser perfeito. Mas sabes respeitar os outros e sabes respeitar as regras. Se fores feliz, terás amigos. Não tens que ser o mais popular mas terás a quem recorrer nos momentos mais difíceis e com quem partilhar as tuas alegrias.
Sê feliz porque é isso que a escola ensina: aprender a ser um adulto feliz porque um adulto feliz empenha-se no que faz, sente-se realizado, vive consciente de si e para além de si, cumpre regras porque assume os seus compromissos e não por ter medo das consequências. 
Sê feliz, meu amor porque eu também sou feliz!
Share by: